Realizou-se, 18 de Outubro, em Maputo, a cerimónia do lançamento do Movimento Mulher e Paz, que tem como slogan ‘’Mulher Activa , Paz Efectiva’’, visando o envolvimento das mulheres no diálogo e nos processos de construção da paz , reconciliação nacional e coesão social em Moçambique.
Este movimento é lançado pelo Governo e liderado pela FDC em parceria com o IMD, ACCORD e conta com o apoio do Governo da Suécia.

Fundamentalmente, o movimento visa aumentar o espaço, as oportunidades e as capacidades das mulheres em Moçambique para se tornarem mediadoras e participarem activamente nos processos de construção da paz e reconciliação nacional, tendo como pano de fundo, a paz social baseada na comunidade e centrada na mulher.


O evento contou com a presença 130 convidados, entre representantes da Assembleia da República, do Governo, partidos políticos, confissões religiosas, parceiros de cooperação, organizações da sociedade civil, académicos, entre outras entidades que deixaram ficar as suas contribuições em torno do movimento.
Durante o evento, Graça Machel, PCA da FDC, frisou a importância da participação e fortalecimento da influência das mulheres nos processos de construção da paz. “A única coisa que desejamos é que as mulheres sejam promotoras de um diálogo construtivo umas com as outras, famílias com outras famílias, grupos de comunidades com outros grupos de comunidades. Que as mulheres sejam um factor de colecta das nossas sensibilidades e emoções, inclusive do que nós desejamos ser como sociedade e abraçarmos isso com extrema importância”.


Para o Director do IMD, Hermenegildo Mulhovo, o nível de envolvimento das mulheres no processo de paz ainda está abaixo do desejável. ‘’Apesar do país possuir um quadro político institucional para a promoção da igualdade de género nas diferentes esferas sociais, económicas e políticas, as mulheres não estão a ser devidamente inclusas nos processos de construção da paz. Assim sendo, o lançamento desta iniciativa representa uma grande contribuição e reforço das acções que a sociedade civil tem vindo a desenvolver para melhorar a situação da mulher em contexto de conflitos’’, disse.


Por sua vez, Pravina Makan-Lakha, representante do ACCORD, fez notar que a paz deve ser olhada de forma mais holística, através de abordagens que integram a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres, incluindo a defesa dos direitos das mulheres e meninas; o fortalecimento da sua participação na tomada de decisões a todos os níveis, inclusive na prevenção e resposta à violência sexual e de gênero.


Para a Embaixadora da Suécia, Mette Sunnergren, os planos nacionais baseados na Resolução 1325 (Resolução do Conselho de Segurança da UN sobre Mulher, paz e Segurança) são importantes, mas não são suficientes. ‘’Precisamos trabalhar activamente para promover os direitos das mulheres e das raparigas e isto implica incluí-las em todos os processos, programas e projectos desde o seu desenho, implementação e supervisão’’.
Estando aberto o debate ao público, a representante do Centro Terra Viva, Berta Rafael, destacou o potencial que o conflito de terra e questões de mudanças climáticas podem causar para falta de paz, tendo igualmente mencionado que esses fenómenos afectam maioritariamente as mulheres. ‘’Terra é a nossa base aqui no País. É o lugar onde se produz alimentos, mas também é onde estão os recursos naturais que são muito importantes para a nossa vida. Tem sido uma situação que nos leva ao reassentamento das nossas populações, por conta da implementação de grandes projectos que muitas vezes esquecem de identificar terras boas para dar continuidade a vida das famílias que são afectadas por esses projectos’’, fez saber.


O Movimento Mulher e Paz congrega 163 mil mulheres activistas sociais e mais de 20 organizações baseadas na comunidade, na religião, em diferentes partidos políticos, academia, sector público e informal e nesta fase pretende abranger 28 distritos de 7 províncias, das regiões Centro e Norte do Pais.